2008-03-11

Obras no Adro da Igreja Velha


2008-03-10











Desenvolvimento nas Pescas

Com o crescimento da população do planeta, cresceu também a necessidade de pescar em maior quantidade, levando a maioria dos pescadores a abandonar as pequenas embarcações e a passar a adquirir equipamentos mais sofisticados, satisfazendo assim as necessidades do mercado.
Cada vez mais, pescadores e Armadores, pescam tanto e em tão grandes quantidades que é difícil para algumas espécies completarem os ciclos de maturidade, os quais são mesmo capturadas antes de se reproduzirem.
Face a estas situações, é nosso dever criar condições para que os mares dos Açores não sejam delapidados, garantindo o futuro das próximas gerações de pescadores, criando para o efeito regulamentos para a defesa das espécies.
A pequena pesca que se efectua nos Açores, é importante para a nossa economia e para as famílias de pescadores que deste sector dependem e que vivem só e exclusivamente desta actividade.
Esta pesca, feita em pequenas embarcações de boca aberta, cujas dimensões não atingem os 12 metros, vem de facto preservar o nosso ambiente marinho, bem como a defesa das espécies, e a protecção do mar da nossa Região.
O enquadramento económico e social da pesca, neste momento nos Açores, reflecte um pouco das condicionantes conjunturais de toda a actividade económica.
Passou-se da sub-exploração de recursos, em poucos anos, através de uma rápida e eficiente modernização, a uma exploração plena, ainda controlável, relativamente às espécies demersais tradicionais.
Vamos ter de gerir a imposição de quotas em algumas espécies, que vai por um lado condicionar a expansão do sector, mas por outro obrigar-nos a racionalizar e optimizar a exploração dos nossos recursos.
Para este efeito é de grande importância, um quadro de exploração responsável e sustentada dos recursos.
A renovação através da modernização da frota a todos os níveis, cujo trabalho tem vindo muito bem a ser efectuado nos últimos anos, veio criar a garantia de melhor estabilidade da respectiva actividade, bem como melhor segurança para todos os que dela dependem
No que se refere ao controlo e vigilância da actividade, tem vindo o mesmo, a ser desenvolvido através de modernos sistemas de informação, contribuindo assim, para um melhor ordenamento do sector, bem como para uma melhor segurança das embarcações.
É necessário continuar a mobilizar recursos e esforços no sentido de se criar parcerias sociais, dentro das próprias entidades ligadas ao sector, no sentido de se trabalhar na inserção socioprofissional da Pesca na nossa Região.
Ainda existem objectivos a prosseguir, criando condições para promover uma melhor organização do sector, de forma a permitir o lançamento das bases necessárias para a criação e reconhecimento de organizações inter-profissionais, na interpretação da regulamentação comunitária, possibilitando o acompanhamento da respectiva actuação.
A continuação da aposta a nível dos meios técnicos e humano é cada vez mais importante, na criação de condições para que as acções de formação profissional sejam cada vez mais adequadas às necessidades do sector e vocacionadas para a qualificação técnica dos seus profissionais.
Só com um conhecimento aprofundado, teórico e prático, de todos os intervenientes no sector, se pode melhorar a qualidade do pescado e acrescentar valor ao produto final.
Se algum dos intervenientes no sector falhar, condiciona a qualidade do produto final, por isso todos são importantes na cadeia produtiva e comercial.
A distância a que estamos dos grandes mercados europeus, nossos clientes, não justifica perca de qualidade do nosso pescado, desde que o circuito funcione normalmente.
Só apostando na qualidade poderemos competir com os nossos concorrentes a nível internacional.
A valorização do nosso pescado passa em muito pela capacidade da avaliação e sensibilização de todos os que trabalham neste sector.
É cada vez mais importante a aposta na qualidade dos produtos da pesca, sendo também uma prioridade enquanto factor de valorização e competitividade do sector.
Sabemos que não é fácil demolir hábitos ancestrais arreigados e fortemente condicionados por condições objectivas de vivências difíceis.
A capacidade da mudança é sempre fruto da flexibilização vivencial, que no caso dos pescadores cristaliza facilmente na dureza das suas condições de trabalho.
Esta aparente competição, pode ser amenizada por elementos externos, mas próximos à actividade pesqueira, que introduzam valores e criatividade associativa.
Mais do que ninguém, os pescadores, estão expostos na sua actividade diária a um individualismo competitivo duro e profundo, que infelizmente tem dificultado no plano social a criação e funcionamento das associações representativas da classe. Associações estas que se funcionarem democraticamente, isto é respeitando a vontade das maiorias, podem dar um contributo precioso na defesa local e internacional dos seus direitos, assim como na construção de uma sociedade mais participativa, harmónica e solidária.
É importante manter-nos atentos à defesa intransigente da nossa Zona Económica Exclusiva (ZEE) e definir já a estratégia politica a seguir, a curto, médio e longo prazo; enquadrando-a no âmbito duma luta mais geral, de que a abertura dos mares da Comunidade a todas as suas frotas acelerou a sobre-exploração na União Europeia.
Todas as embarcações são importantes. As embarcações locais, pelas suas características e de acordo com os seus tamanhos, dedicam-se normalmente a uma pesca próxima da costa e durante pouco tempo.
O pescado destas pequenas embarcações, capturado por linha de mão, chegando vivo à borda e sendo imediatamente refrigerado, pode atingir valores muito interessantes, se bem condicionado. Este pescado será sempre incomparavelmente melhor que o das embarcações costeiras cabinadas que normalmente operam longe da costa durante três ou quatro dias.
É importante que as embarcações costeiras cabinadas comecem a adoptar sistemas de refrigeração, porque economizam gelo e espaço, garantindo a qualidade do pescado por mais tempo.
É muito importante que os intervenientes no sector compreendam, que a qualidade do pescado de exportação, é avaliado em função da qualidade presente no momento da compra e do tempo médio em que o pode manter.
Por isso no circuito todos são importantes e todos tem de ter formação.
Além disso, os preços por exemplo do goraz, a que os compradores estão condicionados em lota, são ditados pelos grossistas de Madrid ou da Suiça.
Ora se a qualidade que lá chega não corresponde às expectativas, descem os preços. São mercados muito exigentes que necessitam de peixe de qualidade porque nunca sabem quantos dias o levarão a comercializar.
Além disso o nosso grande concorrente Marrocos, despeja por vezes dezenas de toneladas de goraz no mercado de Madrid, provocando no dia seguinte uma descida abrupta nas nossas lotas. São estas flutuações de mercado difíceis de combater que temos de enfrentar, mas com a certeza de que o pescado de qualidade se vende sempre.
Ajudar a preservar o futuro das pescas é capturar menos e seleccionar mais, criando para o efeito leis que regulamentam o uso do equipamento de pesca, as quais viram em muito ajudar os recursos de forma sustentável.
Sabemos que não existem soluções fáceis, por isso a politica seguida pelos Governos Regionais do Partido Socialista neste sector ao longo dos últimos anos, tem sido uma politica de desenvolvimento e crescimento das pescas, criando assim melhores condições de vida para todos os que desta actividade dependem.
José Gaspar de Lima